Você nunca imaginou que podia ter
seus lábios roubados e acha até cômico pensar nisso. E um dia está na casa
daquela pessoa que até sente atração, mas acha ser impossível ela pensar em
você dessa maneira. Vocês estão conversando. Enquanto está falando sente a
aproximação, ela está entre suas pernas e lhe dá um beijo. Sente aqueles lábios
molhados sobre os seus e o corpo, que transmite calor, está empurrando
delicadamente o seu para cima da cama. Ali você perde todos os seus “achismos”
sobre a vida e tudo mais. É a hora onde você entrega o seu coração porque acha
que é o momento certo e chega até acreditar que contos de fadas são reais – e
até são, mas ninguém sabe os finais das histórias. Alias, até aqui é uma
história de amor bonita se for bem desenvolvida, não?
Os encontros de vocês são
perfeitos e acontecem semanalmente. Ela até apresentou você aos pais! A maneira
como eles lhe olham e riem soa como um certo ar de aprovação. Você está se
sentindo o máximo, indo bem no amor, e de repente, se torna bom em matemática e
astrologia. Mas ninguém lhe avisou que se você grita bem alto ao universo, as
ondas sonoras só chegam até a barreira da terra, o som não se propaga no espaço
– e o amor tem seus limites também.
E no ápice daquela felicidade,
segundos antes do narrador da sua história dizer “e eles viveram felizes para
sempre” o clímax é diferente do que você imaginou e tudo desmorona. Ela lhe
diz, não se sinta culpado, a culpa não é sua. Mas você não acredita, sabe que
foi um erro seu e que é tarde demais para mudar algo. Vocês se separam sem um
adeus propriamente dito, apenas ficam com aquelas trocas de olhares e quando
você diz “eu te amo”, a resposta ouvida é “isso era que tentava evitar”. Você
percebe nos olhos dela que o que seus lábios dizem não tem nada a ver com seu
sentimento, mas não insiste, não há condições para isso.
Vai andando na rua, sem rumo,
tentando encaixar o seu coração de volta, ainda sente o corpo dela sob o seu e
aqueles lábios molhados. Desiste
do coração, não tem mais conserto. You look like you've been for
breakfast at the heartbreak hotel. E no final da noite você termina com uma pessoa que
nunca amou de verdade deitada na sua cama ao seu lado, você retira seu coração
e coloca na ultima gaveta do criado-mudo. Levanta-se devagar e vai até o iPod,
Piledriver Waltz de Alex Turner começa a tocar baixinho no seu ouvido e você
começa a costurar um rosto novo para você, mas acaba cochilando naquela cadeira
de balanço.
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